Um ano após a implementação da “reforma” trabalhista, imposta pelo governo Temer, não se concretizaram as promessas de criação de empregos e melhoria da renda dos trabalhadores. Ao contrário, mais de cem pontos foram modificados e a absoluta maioria prejudica os trabalhadores. De acordo com o presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), Paulo Cayres, a piora mais sentida foi a dificuldade nas negociações durante a campanha salarial. “Eles (empresários) quiseram colocar a pauta de divisão de férias para os trabalhadores, discutir o trabalho intermitente dentro das empresas, onde o trabalhador seria convocado para trabalhar menos horas e receberia menos”, lamenta. O dirigente sindical explica que os grandes sindicatos ainda conseguem discutir em igualdade com os patrões. “Os outros estão sofrendo para negociar. A verdade é que, onde você tem uma organização mais evoluída, mais avançada, como é o nosso caso, você conseguiu impedir a implementação da reforma trabalhista. Agora, a maioria dos sindicatos não conseguiu, não tendo sequer a reposição da inflação”, afirma.
Não faltaram avisos de que a tal reforma traria prejuízos para os trabalhadores e para a economia, lembra o
economista Cesar Locatelli. O desemprego caiu muito pouco e atinge 12,5 milhões de brasileiros. Além do trabalho sem carteira assinada, a força de trabalho subutilizada é estimada em mais de 37 milhões de pessoas. “Todas as medidas foram tomadas no sentido de cortar gastos, investimentos e direitos. Ao juntar tudo isso, a economia não anda”, critica Locatelli. Um dos efeitos colaterais das mudanças na legislação trabalhista foi a redução na arrecadação previdenciária. De acordo com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), esse montante caiu em mais de R$ 30 bilhões desde sua aprovação. “Por que a gente está criando um déficit enorme em geral? Porque a Previdência está recebendo menos e o governo também está arrecadando menos impostos. Esse clima de recessão não ajuda a cortar gastos, já que você está recebendo muito menos”, explica o economista. Na avaliação tanto do dirigente sindical como do economista, o governo Bolsonaro será uma continuação piorada do governo Temer. “O presidente eleito aprovou as medidas do Temer, votou a favor da reforma trabalhista e contra os direitos dos trabalhadores. Ele está junto com o Temer”, alerta Cayres.
Fonte: Agencia Sindical